quarta-feira, 26 de junho de 2013
Troca de dupla.
Olá, durante um mês, minha nova colega no blog será a Erica, pois a professora trocou as duplas e ela vai estar comigo durante este período.
domingo, 16 de junho de 2013
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Artigos de Opinião
Quando a vida não vale nada
ANDRÉA SAINT PASTOUS NOCCHI*
Na linda música "Deixando o Pago", o cantor e
compositor Vitor Ramil escreve "que o mundo é pequeno e que a vida não
vale nada". A morte de mais de 1.100 trabalhadores no desabamento de um
prédio em Bangladesh, no final de abril, e o número oficial de 2012 de 2.717
brasileiros que perdem a vida em acidentes de trabalho, demonstram sim, que o
mundo é pequeno e que a vida não vale nada.
Pequeno porque a distância entre o Brasil e Bangladesh é
imensa, mas a realidade que envolve as precárias condições de trabalho de
milhares de pessoas e a desconsideração com a vida humana nos aproximam;
pequeno, porque quando trabalhadores, na sua maioria mulheres, perderam suas
vidas naquele desabamento e em outros incêndios que antecederam a tragédia,
estavam confeccionando roupas para as grandes marcas da indústria têxtil
mundial, que o brasileiro consome ou sonha consumir. Algumas delas,
pressionadas pela repercussão deste e de outros acontecimentos, firmaram acordo
para fiscalizar e financiar medidas de segurança e contra incêndio nas fábricas
de Bangladesh.
A tragédia traduzida em morte anunciada tem, pelo menos,
três facetas de perversidade. Uma, o trabalho escravo e a total falta de apreço
com condições mínimas de dignidade. Outra, a fragmentação dos modos de produção
que as terceirizações e todas a divisão da cadeia produtiva disseminam, de modo
a desprezar quem e de que forma se produz para valorizar, apenas a capacidade
de produção e, ainda, uma terceira, vinculada com à morte por acidente de
trabalho.
Qualquer enfoque faz as fronteiras entre o Brasil e
Bangladesh desaparecerem neste mundo pequeno. E a vida, que não vale nada lá,
também nada vale aqui. Silenciosamente, cerca de sete trabalhadores perdem a
vida por dia no Brasil. É mais que o dobro das mortes da tragédia do Paquistão,
todo o ano, ano após ano. De tão grave o flagelo, a Organização Internacional
do Trabalho pensa em uma campanha mundial para a prevenção de acidentes, o
governo brasileiro começa a divulgar ações neste sentido e o Tribunal Superior
do Trabalho tem um programa especialmente desenvolvido para conscientização e
redução das mortes e doenças profissionais.
Mas, enquanto a prioridade for produzir de modo globalizado
e massificado, com baixíssimo custo de altíssimos lucros, a vida não valerá
nada e o mundo continuará a ser pequeno, na comunhão das tragédias.
*Juíza do Trabalho/RS
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